terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Se pá seria legal nivelar por cima...


Hoje eu recebi um daqueles e-mails onde tem uma situação muito fodida, em um lugar muito fodido, com alguém muito fodido, que se fodeu muito na vida e aparentemente não para de se foder. Tranquilo, eu sou uma pessoa que se compadece com a desgraça alheia! Juro que faço isso, mas porra! (o texto de hoje é meio desabafo daí os palavrões) mania escrota essa que a gente tem de que quando algo tá ruim ficar falando: “Tem gente que adoraria tá na situação que você se encontra”, “Você sabe quantas pessoas passam fome no mundo?”, “quantas pessoas trabalham em jornadas exaustivas de mais de 12 horas enquanto você reclama da vida?”, “quantos por ai estão enfermos, moribundos, sozinhos e o caralho a4?”. Lógico que eu sei disso tudo!! Lógico também que eu não sei como é porque não passo por nada disso, mas isso não me desqualifica como ser humano nem faz com que o fato de eu ter uma vida relativamente boa não me dê o direito de reclamar dela! A vida é minha ou não? Sendo minha vou nivelar por cima, comparar por cima em vez de mostrar o quanto ela é boa em detrimento de bilhões de miseráveis que eu sei que existem e sim, me compadeço pela desgraça deles. Minha vida é uma merda se comparada a do playboy que estudou a vida inteira em colégio particular e depois teve seu mestrado bancado na Europa pelo pai político filho da puta. Tenho curso superior oriundo de uma bolsa que eu ralei até o talo pra conseguir e se vacilasse em uma matéria um semestre que fosse correria risco de perder. Mestrado e doutorado? Quero e vou fazer, mas primeiro tenho que escolher ser humilhado pelos PHdeuses de uma universidade federal ou então me virar nos trinta pra pagar uma fortuna numa universidade particular. Eu tenho carro! Posso me vangloriar disso num país de miseráveis, mas o bichinho é velho coitado e pra ter foi ralado pra cacete enquanto tem nego ai que não sabe nem quanto custa um IPVA porque todo investimento que faz no carro é pra encher de som e apostar em rachas! Venho de uma família humilde de pai Pernambucano e mãe Piauiense que passaram o diabo pra conseguir um pouco de tranquilidade na vida e sabem mais do que ninguém o que é passar fome e coisas do tipo, diferente de aristocratas que por gerações mantêm a pose, o status e a arrogância que o dinheiro lhes garante. Tenho amigos tão ferrados quanto eu que perdem noites de sono pensando se vão conseguir vencer enquanto outros dormem tranquilos embaixo da saia da mamãe depois espancar o semelhante com seus amiguinhos igualmente ruminantes.

Poderia passar várias horas escrevendo, mas a linha é tênue entre se comparar com quem tá acima de você e pagar de coitadinho... É, pensando bem é melhor se nivelar por baixo e fingir que a vida é bela.

Por Vitu Vogado.

“Keep it on wax”

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Comportamento, doce comportamento...


Tudo gira em torno de ser! Ninguém mais quer estar. Todo mundo quer jogar na sua cara o que ele é. “Olhe pra mim e saiba, sou isso aqui!”.

O que será que houve com aquela história de que o ser humano é mutável? Eu não sei quem disse isso inicialmente, mas essa frase se tornou um dos clichês mais repetidos ao longo dos tempos... Enfim, é difícil entender como alguém se compromete com um padrão, com um único jeito de pensar. Vejo isso diariamente a minha volta e confesso que as vezes me incomoda bastante. Obviamente tenho minhas convicções também só que mais que minhas convicções, tenho certeza de que elas podem mudar em 5 minutos. Acreditar não significa se fechar. Acreditar significa viver e o mais interessante é que os tais crédulos fervorosos não vivem aquilo que dizem acreditar! Como Assim vegano? Como assim straight edge? Como assim ativista do green Peace? Como assim punk? Como assim rapper da periferia? Como assim José Serra? Hehe... Vou até mudar meu discurso inicial agora. Tinha dito no início que um modelo fechado não é interessante porque o ser humano é mutável por natureza, mas vamos colocar diferente. Vamos dizer assim: Se você quer adotar um modelo meu filho, assuma com todo o risco que o modelo oferece e toda sua limitação! O modelo está lá! Você o escolheu então engula isso e comece a agir de acordo! E o mais importante de tudo... Novidade forte de verdade! Você não é melhor que as pessoas que não seguem o mesmo modelo que você, tranquilo? As pessoas têm escolhas, lembra? E algumas delas preferem o anonimato quando diz respeito às “escolhas pessoais”, acho o mais sensato por sinal. Traga o que você tem, traga sua forma porque sempre será pautado algo que não condiz com sua postura “inadequada” lá fora. Siga sua vidinha... Siga seu padrão. Quando se olhar no espelho e sua consciência falar assim: Isso ai, eu represento tal coisa pode até começar a vender seu peixe pra outras pessoas afinal quem sabe mais alguém compra a ideia que você adotou? Antes disso meu caro fique quietinho... É chato vender o que não tem pra oferecer.

“Peace off!”


Imagem tirada do http://www.dobi.nu/yourscenesucks/